Vera Regina Paula Baroni nasceu no dia 16 de maio de 1945, no Rio de Janeiro, onde morou até os 18 anos de idade. Mudou-se para o Espírito Santo e, nos anos 1970, veio morar no Nordeste, tendo vivido inicialmente em Alhandra, na Paraíba, antes de se radicar aqui em Pernambuco, onde morou no bairro recifense de Brasília Teimosa e onde, desde então, vem construindo uma trajetória de vida exemplarmente dedicada à defesa dos direitos humanos, à justiça social e à igualdade racial.

Durante aquela época, realizou o curso técnico de enfermagem, trabalhado no Hospital da Restauração e no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, mesmo período em que se casou e teve sua filha. Cursou, também, enfermagem do trabalho e, em 1982, foi aprovada em concurso para trabalhar no Hospital das Clínicas. Em 1984, mais uma aprovação, dessa vez para o extinto Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdenciária, o Inamps, transferindo-se para o Hospital Agamenon Magalhães, onde atuou no centro cirúrgico até o início da década de 90. Durante tal período concluiu o curso de Direito na Universidade Católica de Pernambuco, especializando-se, posteriormente, em Direito Sanitário.

A militância de Vera Branoti se iniciou há mais de cinco décadas e abrange diversas frentes de atuação, sempre com foco na promoção da dignidade e no combate à discriminação racial.  Como fundadora da Uiala Mukaji – Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco, em 2003, ela desempenhou um papel crucial no fortalecimento da identidade e na visibilidade positiva das mulheres negras, bem como no enfrentamento ao racismo e ao sexismo. A Uiala Mukaji tem como um de seus pilares o resgate do protagonismo histórico das mulheres negras em Pernambuco e a luta por seus direitos em diversos espaços.  

Sua compreensão da interseccionalidade das opressões a levou a dedicar especial atenção à situação das mulheres de terreiro, fundando, em 2007, a Rede das Mulheres de Terreiro de Pernambuco, em parceria com o Ilê Obá Aganjú Okoloyá.

Além de sua atuação no movimento negro e nas comunidades de terreiro, Vera Baroni possui uma vasta experiência em outras áreas, que também convergem para a luta antirracista. Ela foi uma das fundadoras e a primeira presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Estado de Pernambuco (SINDSPREV/PE), onde defendeu os direitos dos trabalhadores da saúde, muitos dos quais pertencentes à população negra e frequentemente vítimas de discriminação no ambiente de trabalho e no acesso à saúde. Sua participação na luta pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS) também reflete seu compromisso com a saúde como um direito universal, essencial para a superação das desigualdades raciais no acesso aos serviços de saúde.  

Diante de uma vida repleta de luta e conquistas, o reconhecimento de sua trajetória é merecidamente vasto, incluindo a Medalha Olegária Mariano, concedida pela Câmara Municipal do Recife em 2023, o título de Cidadã do Recife, a Medalha Roberto Lyra do Ministério Público de Pernambuco e, inclusive, a Medalha Leão do Norte, mérito Zumbi dos Palmares, concedido pela Resolução nº 1044/2011, desta Casa Legislativa.

Por fim, cumpre destacara que a Medalha Antirracista Marta Almeida, instituída pela Resolução nº 1.935/2023, tem como objetivo homenagear pessoas físicas e jurídicas com reconhecida atuação na luta contra o racismo no Estado de Pernambuco. Outrossim, a vida e a obra de Vera Baroni se encaixam perfeitamente nos critérios estabelecidos para a concessão desta honraria, sendo ela uma referência nacional na luta feminista antirracista.  

Diante do exposto, e considerando a relevância dos serviços prestados pela Sra. Vera Regina Paula Baroni à causa antirracista e à promoção da igualdade racial em nosso Estado, contamos com o apoio dos nobres parlamentares para a aprovação deste Projeto de Resolução, como um justo e merecido reconhecimento à sua inestimável contribuição para a sociedade pernambucana e brasileira.

     Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.